quarta-feira, abril 30, 2008

Ressaca moral


(clicar para ler).

quarta-feira, abril 02, 2008

Delinqüente

Nunca pensei envolver-me numa troca de argumentos sobre o acordo ortográfico. Há pessoas muito mais qualificadas do que eu para escrever sobre isso. Mas, uma vez interpelado pelo Frazão, não posso deixar de dizer que acho os argumentos dele surpreendentemente fraquinhos. Que sem «c» em ação e sem «p» em perceção deixamos de saber abrir a vogal anterior? E «inflacionário», como o pronunciará o Frazão? Que, perdendo a referência à origem etimológica, ficamos com situações incongruentes, como «espectador» e «espetáculo»? Há quanto tempo escrevemos «quatro» e «catorze»? Parecendo que não, já se fizeram reformas ortográficas antes, incluindo coisas tão estranhas como a supressão dos acentos nos advérbios de modo – e, ainda assim, sabiamente, toda a gente consegue ler isto. Claro que esta reforma não é perfeita: se fosse a meu gosto, recolocava o trema em «agüentar» e «delinqüente» (que, no entanto, ninguém lê da mesma forma que «quente»). Por fim, o Frazão invoca «as árvores». Suponho que se refira a dicionários e gramáticas que precisam de ser revistos (o resto vai sendo adaptado, e há prazos para isso). Eu também me preocupo com as árvores. Por isso é que praticamente deixei de comprar o Público.

Oblivion's swallowing sea

Não se apoquentem se não perceberem o título. O que conta é o som. Pode ser que seja eu que li pouco, mas achei este parágrafo, com que abre o obituário do Economist da semana passada, sobre o último sobrevivente francês que combateu na I Guerra Mundial, digno do começo de um grande romance. Do resto do texto também gostei muito.

THE business of memory is a solid and solemn thing. Plaques are unveiled on the wall; stone memorials are built in the square; the domed mausoleum rises brick by brick over the city. But the business of memory is also as elusive as water or mist. The yellowing photographs slide to the back of the drawer; the voices fade; and the last rememberers of the dead die in their turn, leaving only what Thomas Hardy called “oblivion's swallowing sea”.
[Continua.]