terça-feira, agosto 07, 2007


Nos próximos quinze dias (vocês nem vão dar pela diferença), vou estar nesta ilha.

sexta-feira, agosto 03, 2007

Quinze


Já falei dos cursos de Verão da UNL, noutro contexto. Em Setembro, Abel Barros Baptista dará duas semanas de sessões sobre literatura brasileira, a que eu e outra pessoa que eu conheço tencionávamos assistir. O problema é que, até à data, parece que só há um inscrito, e serão precisos quinze para que o curso efectivamente funcione. Se há alguém a ler-me que esteja interessado, considere seriamente o assunto. O programa pede leitura prévia de Brás Cubas e contos de Machado de Assis, São Bernardo de Graciliano Ramos, e Laços de Família de Clarice Lispector. Para quem não estuda Letras (ou não as estuda na Nova) é uma oportunidade que não se arranja de outra forma. Passem a palavra.

quinta-feira, agosto 02, 2007

Bergman (2)


Foto AFP, publicada no International Herald Tribune

Deve ser extraordinariamente difícil escrever um bom obituário de Bergman. Li duas mãos-cheias, e as pequenas histórias revelam de menos, os detalhes são um tanto banais, e dois ou três adjectivos têm dificuldade em sintetizar um filme. Comecei por encarar com cepticismo o obituário do Economist (hoje online), que opta por um tom diferente, quase em espelho relativamente ao tom de Bergman. But it grows on you. Gostei deste parágrafo e resolvi traduzi-lo.

«No Inverno sueco, não havia sol. Uma luz cinzenta e baça surgia das nuvens, sem criar quaisquer sombras. As mudanças subtis de luz extasiavam Bergman, que decidiu que o filme inteiro devia ser iluminado assim. A luz forte, pelo contrário, era a dos seus pesadelos. Nos filmes, um súbito clarão pálido – de uma luz nua, de uma rua vazia – marcava habitualmente a entrada na psicose. (…) Bergman precisava de nuvens, de árvores e de cortinas de rede a velar a luz, a suavizá-la e a fazê-la mexer-se. Precisava de que a luz mudasse pouco e devagar: cintilando e desaparecendo num candeeiro de petróleo, ou escurecendo com extraordinária lentidão sobre um rosto (como escurecia sobre a cara de Liv Ullmann em Persona) até ficar apenas uma silhueta.» [continua.]

Passatempo de Verão

Estou a tentar fazer uma lista de dez filmes sobre o casamento. Como na blogosfera há muita gente que gosta de filmes, e que gosta de listas, resolvi pedir ajuda. O meu principal problema é que não conheço muitas coisas, inclusivamente entre aquelas que seriam, com toda a probabilidade, escolhas óbvias (Cukor, Lubitsch, Leo McCarey, Howard Hawks): preciso de conselhos. Além disso, há realizadores de que gosto muito e que talvez tenham alguma coisa adaptável - mas não me ocorre. Um Hitchcock? Um Rohmer? Mesmo um Ford? Conselhos são bem-vindos, para o email: teguivel@gmail.com.

Dez possíveis:

Family man, de Brett Ratner, 2000.

Eyes wide shut, de Stanley Kubrick, 1999.

Quatro casamentos e um funeral, de Mike Newell, 1994.

O inferno, de Claude Chabrol, 1994.

Maridos e mulheres, de Woody Allen, 1993.

Ata-me, de Pedro Almodóvar, 1990.

Cenas da vida conjugal, de Ingmar Bergman, 1973.

An affair to remember, de Leo McCarey, 1957.

O pecado mora ao lado, de Billy Wilder, 1955.

A Costela de Adão, de George Cukor, 1949.

Maridos e Mulheres, Eyes Wide Shut e O pecado mora ao lado (que no original se chama The seven year itch, uma certa comichão que aparece ao fim de sete anos de casamento) são indiscutíveis e não precisam de ser explicados. Cenas da Vida Conjugal suponho que também seja, embora nunca o tenha visto. Quatro casamentos e um funeral dificilmente ficará de fora, porque sempre gostei desse filme e, realmente, inaugurou uma espécie de género. (Há sobretudo a cena do funeral com poema de Auden e a cena final do não-casamento.) Também Ata-me não ficará de fora, o filme em que Antonio Banderas, depois de sair de um asilo de malucos, rapta uma actriz porno (Victoria Abril) e ata-a até que ela se decida a gostar dele – isto, para mim, é o filme sobre o casamento (e acaba bem). Temos seis.

Tenho alguma curiosidade sobre Family Man, com Nicolas Cage, em que ele é levado a contemplar duas versões da sua vida: se se tivesse casado, e se não se tivesse casado. Também nunca vi A Costela de Adão, e pode perfeitamente ser que outro filme de Cukor seja mais adequado (Philadelphia Story [1940]? A bill of divorcement [1932]? It should happen to you [1954]?). O mesmo se diga de Leo McCarey: tenho uma muito vaga ideia de An affair to remember (1957). Será preferível Lua sem mel [1942]? Ou Love affair [1939]? Se for uma comédia romântica + um Cukor + um Leo McCarey, ficamos com nove.

Vi e gostei do Inferno do Chabrol (com Emmanuelle Béart em todo o seu esplendor), mas não é indiscutível.

Outras hipóteses:

Casamento à italiana, Vittorio de Sica, 1964.

An ideal husband, Oliver Parker, 1999. Não conheço, mas sempre é uma adaptação de Oscar Wilde.

Crueldade Intolerável, que é divertido mas não está entre os melhores dos Coen, 2003.

A history of violence, David Cronenberg, que a minha irmã diz que é sobre o casamento (Maria Bello subitamente descobre que nada sabe sobre o cônjuge).

I love you to death, Lawrence Kasdan, 1990. Uma esposa e uma sogra italo-americanas encomendam a morte do marido, por conta das suas infidelidades. Muito divertido.

Bringing up baby (1938) ou A girl in every port (1928), de Howard Hawks.

The marriage circle (1924), de Lubitsch.

Salaam-e-ishq, Nikhil Advani, 2007. Uma espécie de Love Actually indiano, não é exactamente sobre o casamento. Óptimo nas coreografias e nas músicas.