Um dos meus passatempos favoritos, por estes dias, é exclamar em voz alta: «Afinal aqueles malandros sempre mataram a menina!» E o que mais me agrada na frase nem é a conclusão precipitada sobre a culpabilidade, formada (mais uma vez) a partir de fugas selectivas. Não: o que verdadeiramente me encanta é a escolha das palavras. Os «pais» (neutro) são os «malandros» e a «filha» ou «criança» (neutro) é a «menina». E os malandros levam demonstrativo – «aqueles» –, ao passo que a menina recebe artigo definido – «a».
Ora digam comigo: «Afinal aqueles malandros sempre mataram a menina!»