domingo, novembro 25, 2007

Alvalade XXI


A sala de cinema Raj Mandir, em Jaipur, no Rajastão, com 1200 lugares, e um foyer que só visto

Talvez uma das razões para a exuberância e romantismo kitsch dos filmes de Bollywood seja que, na Índia, ir ao cinema ainda é uma actividade social e uma actividade de massas.
Ultimamente, uma grande parte dos filmes que estreiam por cá parecem sitcoms ou jogos de computador.

A juntar a todas as outras coisas boas que há no Estádio de Alvalade, o cinema tem agora uma «sala Bollywood».

Stanley Cavell

Sou a pessoa que eu conheço menos capaz de ver um filme em dvd do princípio ao fim. Deve ter alguma coisa que ver com isto:
One of the things about film is the gigantism of the images, which dwarf you, which infantilize you, which make you speechless.

quinta-feira, novembro 15, 2007

Ui! E como rimos!

A crónica das amenidades trocadas entre Ana Gomes e Miguel Portas nos corredores do Parlamento Europeu não tem a gentlemanship das aventuras de João Carlos Espada nos clubs de Oxford. Em contrapartida, há já nelas uma promessa de encanto plebeu que merece ser acarinhada:

Ontem, enquanto votavamos no plenário do PE, onde agora somos vizinhos, demarcando onde acaba o PSE e começa o GUE na nossa fila, o Miguel Portas avisou-me que se tinha “metido comigo” no blogue. Rimos quando lhe ripostei: “era o que tu querias, que eu te desse trela...”.

A graça! O chiste! Encore un effort!

quarta-feira, novembro 14, 2007

A biologia

«No caso do PCP, só a biologia impediu que tenha a mesma direcção de 1941.»
[Rui Ramos, na crónica de hoje no Público.]

quarta-feira, novembro 07, 2007

A linha

Tenho isto aqui há uma semana, à espera que alguém pergunte.
A 5ª frase completa da pág.161 do livro que tenho mais à mão.

«Internally, Germany has a good deal in common with a Socialist state.»


[O ensaio em questão é «The Lion and the Unicorn: Socialism and the English genius», de 1940. A Alemanha a que se refere é a Alemanha nazi].

Gostava de saber qual é o livro que neste preciso momento têm mais à mão Pedro Ornelas, Penélope Cruz, Quentin Tarantino, Medeiros Ferreira e Iga A. (esta vai sem link porque há crianças a ver).

R.I.P.

Quem quer que tenha uma afinidade, mesmo que remota, com o comunismo como ideologia não pode deixar de se sentir um pouco descorçoado ao ler o artigo que o suplemento P2 do Público hoje dedica à revolução de Outubro. Meia-dúzia de intelectuais (ou aparentados) emitem meia-dúzia de proclamações, nem sequer enfáticas, de pendor sentimental sobre o comunismo. A questão que me parece interessante realçar é que hoje em dia não existe em Portugal qualquer partido que tenha o marxismo por ideologia: não o BE, evidentemente (a frase de Miguel Portas com que o texto termina tem pelo menos a virtude de o deixar claro), nem o PCP. Para o PCP, nem mesmo essa ideologia degenerada a que se chamou marxismo-leninismo funciona mais como cartilha. Em certo sentido, são todos já pós-ideológicos, não sabem para onde estão a ir nem têm grandes coordenadas que ajudem a orientar o caminho. Suspeito que aqueles que há vinte anos disseram que o comunismo morria com a queda do Muro tivessem muita razão.